Em Abu Dhabi, os "Jogos do Futuro" esbatem as fronteiras entre desporto e os eSports

Os "Jogos do Futuro" apresentados em Istambul em 2024.
Os "Jogos do Futuro" apresentados em Istambul em 2024.FERDA DEMIR/GETTY IMAGES VIA AFP

Corridas de drones, batalhas de robôs, jogos de futebol híbridos... A segunda edição dos "Jogos do Futuro", competição internacional que mistura o desporto real com o virtual, arranca esta quinta-feira em Abu Dhabi.

"Sinceramente, para mim, é um conceito que vai revolucionar tudo", afirma à AFP Naoufal Boumina, futebolista que vai representar nos Emirados a equipa francesa "United FC". "Hoje em dia, há muitos conceitos e novos formatos. Mas este, acredito que vai ser um sucesso. Toda a gente vai adorar."

No ano passado, enquanto o mundo do desporto continuava a afastar-se da Rússia, a primeira edição realizou-se em Cazã, com Vladimir Putin presente na cerimónia de abertura.

Segundo os organizadores, o evento reuniu dois mil participantes de mais de 120 países, alcançando três mil milhões de visualizações através dos canais de transmissão e das redes sociais, e distribuiu um total de dez milhões de dólares em prémios.

Entre as modalidades presentes em Abu Dhabi, até 23 de dezembro, vários desportos vão disputar-se em formato "phygital", ou seja, metade físico, metade digital. No futebol, por exemplo, a primeira parte joga-se na consola e a segunda num campo.

Jogadores híbridos... e Andrea Pirlo

"Quando ouvi falar do projeto, achei incrível. No que toca aos eSports, nunca vi nada assim", conta Babacar Ndiaye, jogador e treinador que já passou por várias equipas da eLigue 1, a competição profissional de e-sport da Ligue 1 (LFP).

Uma das particularidades do conceito: em cada jogo, um ou dois gamers têm de largar o comando e entrar em campo ao lado dos futebolistas profissionais, como é o caso de Kévin Ramirez, que soma 115 internacionalizações pela seleção francesa de futsal.

"Tive de criar uma equipa com jogadores híbridos", explica Ndiaye. "Mas tive sorte, consegui encontrar profissionais de eSports que também têm um excelente nível de futebol".

Para esta edição, o clube vai contar com o apadrinhamento do treinador da equipa local do "United FC", que é nada mais nada menos do que Andrea Pirlo, campeão do mundo de futebol com Itália em 2006.

"Estou ansioso por o conhecer", admite Naoufal Boumina, antigo jogador profissional de futebol de 11, que já participou em vários formatos diferentes, incluindo a muito popular King's League. "Vamos passar um dia com ele. Vamos treinar com ele... É fantástico".

Selecionado para a corrida de drones, Killian Rousseau, frequentemente apresentado como o melhor piloto francês de drones, com cinco títulos nacionais, mostra-se igualmente entusiasmado. Em Abu Dhabi, vai fazer dupla com Tristan Goin, antigo campeão de França e influenciador na área dos drones.

Fórmula 1 dos céus

"Estamos determinados. Treinámos bastante, cada um por si e também juntos. Já pensamos nisto há muito tempo. Para mim, em termos de organização, é uma das maiores competições em que participei", explica Rousseau, de 21 anos, que se dedica a tempo inteiro às corridas de drones há um ano e meio.

"Desde o verão, participei no campeonato da Europa na Alemanha. Depois, estive no campeonato americano nos Estados Unidos. Voltei à China para disputar uma etapa do campeonato chinês. Depois Coreia do Sul, Abu Dhabi, casa, e agora regresso a Abu Dhabi".

Se os torneios habituais de drones são disputados em sprints de dois a quatro voltas, o formato escolhido para estes "Jogos do Futuro" será totalmente diferente.

"Vamos ter um formato que vai durar 20 minutos para 50 voltas e vamos fazer turnos com o outro piloto da equipa. Teremos de parar, gerir as baterias, os pit-stops e revezar-nos até completar as 50 voltas", explica.

Frequentemente comparadas à Fórmula 1 dos céus, as corridas vão assemelhar-se, nesta edição, mais às 24 Horas de Le Mans, descreve o próprio.

As próximas edições estão previstas para o Cazaquistão em 2026, depois para o Brasil e Indonésia. Em breve em França? "Estou convencido de que é um conceito que vai agradar ao público francês", considera Benjamin Bouhy, presidente e fundador da Phygital France. "Vou fazer tudo para apresentar uma candidatura e trazer o evento para França".


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