Entrevista Flashscore a Grimaldo: "Depois de oito anos fantásticos tinha de haver uma mudança"

Grimaldo com a camisola do Bayer Leverkusen
Grimaldo com a camisola do Bayer LeverkusenBayer Leverkusen

O lateral-esquerdo espanhol concedeu uma entrevista exclusiva ao Flashscore sobre a sua decisão de assinar pelo Bayer Leverkusen. Abordou também a época com o Benfica que culminou com a conquista do campeonato português.

Enquanto jogador do Benfica, Álex Grimaldo concedeu uma entrevista exclusiva ao Flashscore quando se encontrava em Madrid para um evento organizado pela sua agência de comunicação IAM Sports.

O novo jogador do Bayer Leverkusen explica por que razão escolheu a Bundesliga e recorda o título de campeão português que conquistou com o clube lisboeta.

Grimaldo em conversa com o Flashscore
Flashscore

- Grimaldo, obrigado por ter concordado com esta entrevista ao Flashscore. Aos 27 anos, a sua carreira está no auge com a transferência para a Bundesliga. Como se sente após a transferência oficial para o Bayer Leverkusen?

- É um passo importante. Era a altura ideal para o fazer. Depois de oito anos fantásticos no Benfica, tinha de haver uma mudança na minha carreira futebolística. Surgiu então a oportunidade de ir para o Bayer Leverkusen, para ser treinado pelo Xabi Alonso. Decidi agarrá-la e aproveitar ao máximo este grande momento da minha carreira.

- Antes de falarmos disso, gostaria de fazer uma retrospetiva da sua passagem pelo Benfica e, mais concretamente, da época passada. Fez uma época muito boa, mas a reta final foi complicada contra o FC Porto e o SC Braga a morderem os calcanhares. No final, mantiveram o primeiro lugar e sagraram-se campeões. Quais foram as chaves para aguentar e conquistar o título, sobretudo depois da derrota com o FC Porto no Estádio da Luz?

- Ganhar o campeonato nunca é fácil. Há sempre três ou quatro equipas a disputar o título em Portugal, e muitas vezes é apertado. Fizemos um início de época muito bom, com muitos pontos de vantagem sobre o FC Porto e o SC Braga... Mas, bem, nunca é fácil, porque estávamos a disputar todas as competições, estávamos na Liga dos Campeões (o Benfica foi eliminado nos quartos de final pelo Inter). Por isso, não é fácil manter este nível e ser consistente durante todo o ano. Há sempre alturas da época em que se sofre um pouco mais. Mas, graças à experiência que alguns dos meus companheiros e eu tínhamos, sabíamos que ia ser uma disputa equilibrada (contra o FC Porto) no final da época. E quando esse momento chegou, tivemos uma excelente reta final, em que conseguimos vencer cinco dos últimos seis jogos (empate com o Sporting na penúltima jornada), o que nos permitiu conquistar o tão esperado título.

- Roger Schmidt teve um papel importante na sua carreira profissional?

- Sim, claro. O Roger (Schmidt) foi muito importante para mim, bem como para a equipa. Desde o primeiro dia, ele demonstrou muita confiança em vários jogadores do grupo. E fez crescer a equipa. Quando a equipa trabalha bem, quando os resultados são favoráveis, tudo corre pelo melhor e vai na direção certa. Obviamente, ele foi um elemento importante para mim e para o clube.

- Teve necessidade de mudar de clube para continuar a sua evolução como futebolista?

- Não foi necessário para que eu crescesse como jogador. Por outro lado, acho que foi muito importante para eu sair da minha zona de conforto e, neste caso, poder crescer como pessoa. É um novo desafio na minha carreira e recebo-o com grande ambição, confiante de que tudo vai correr bem.

- Sabemos que vários clubes europeus estavam interessados em contratá-lo, inclusive a Juventus. Qual foi o motivo que levou a optar pelo Bayer Leverkusen e o que fez pender a balança? Xabi Alonso poderá ter sido uma das razões que o levaram a escolher este projeto?

- Sim, havia várias opções em cima da mesa, em vários países diferentes. Mas, no final, Xabi Alonso foi o principal factor que fez pender a balança para o Bayer Leverkusen. Queria ser treinado por ele, queria ser uma parte importante deste clube e tenho a sensação de que este era o clube que tinha mais confiança em mim. Foi por isso que decidi ir para a Bundesliga. Como já disse, Xabi Alonso foi o principal motivo da transferência. Tomei uma decisão importante e acho que foi a mais acertada.

- Conseguiu falar com ele em privado? 

- Sim, claro. Falei com ele nos últimos meses. Estava concentrado no meu clube, nos objectivos do Benfica, mas, apesar disso, não podia evitar a situação em que me encontrava... Havia telefonemas, podia falar com diferentes clubes. E, nesse contexto, Xabi Alonso foi a pessoa que mais insistiu em contratar-me. Foi quem mais acreditou em mim e fez de tudo para que eu viesse para o Bayer Leverkusen. Foi então que tomei a decisão de me juntar a ele.

- Está entusiasmado por trabalhar com ele?

- Sim, completamente. Entusiasma-me imenso e foi por isso que tomei esta decisão. Agora vou ter finalmente a oportunidade de ser treinado pelo Xabi (Alonso), o que me vai permitir crescer como jogador.

Grimaldo despediu-se com golo do Benfica
Grimaldo despediu-se com golo do BenficaLUSA

- Está prestes a conhecer um novo país, uma nova cultura e uma nova liga. Como imagina que se vai adaptar a um campeonato como a Bundesliga e a uma equipa tão talentosa?

- Nunca é fácil adaptar-se a uma nova equipa e a um novo país. No entanto, tenho muita confiança em mim próprio, estou concentrado no que tenho de fazer e tenho a confiança do treinador, o que é muito importante para mim. Estou a dar este novo passo com muita ambição de crescer como pessoa e como jogador. E, para mim e para a minha família, vai ser uma realização pessoal muito importante.

- Pelo seu estilo de jogo, é um lateral ofensivo, que não tem medo de atacar e de contribuir ofensivamente... Todos estes aspectos serão úteis numa liga em que o lado ofensivo é fundamental e numa equipa em que o treinador dá liberdade aos seus laterais. Vimos isso na época passada com Frimpong e Bakker. Como é que vê este aspeto? Acha que a forma e o estilo de jogo desta equipa lhe permitirão evoluir mais e sentir-se confortável?

- Depois de ter tomado a decisão de ir para lá, após o contacto com Xabi Alonso, comecei a ver e a observar a equipa. E é verdade que os laterais têm muita liberdade, e isso é obviamente algo que me atrai. Sei que posso tirar o máximo partido deste sistema de jogo, com a filosofia e a ideia do treinador. E, claro, esse foi um dos outros factores que me fez escolher este clube. Vou para a Alemanha para desfrutar e continuar a crescer, e tenho a certeza de que este futebol me vai ajudar a progredir.

- É, sem dúvida, um dos melhores na sua posição. Acha que o Bayer Leverkusen é o trampolim perfeito para chegar à seleção? 

- Sim, esse é um dos outros motivos. Há vários anos que tenho tido um bom desempenho, e nas últimas épocas em Portugal estive a um nível muito elevado, mas a convocatória, de que estava à espera, ainda não chegou. É por isso que também decidi fazer esta mudança, para mostrar que o meu nível pode ser o mesmo noutra liga, e porque não ser finalmente chamado para jogar por Espanha.

Os números de Grimaldo
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