Análise: Como o Real Madrid superou o Barcelona num fascinante El Clásico

Kylian Mbappé, do Real Madrid, celebra o seu golo frente ao Barcelona
Kylian Mbappé, do Real Madrid, celebra o seu golo frente ao BarcelonaAlberto Gardin/NurPhoto / Shutterstock Editorial / Profimedia

O Real Madrid tinha o registo perfeito em casa, com quatro vitórias em quatro jogos na LaLiga 2025/26, para manter intacto na tarde deste domingo, quando o Barcelona visitou a capital espanhola para mais um capítulo do El Clásico.

Recorde as incidências da partida

Os Merengues já tinham vencido oito partidas consecutivas em casa desde abril da época passada e, com os catalães bastante afetados por lesões em jogadores-chave, uma vitória parecia ser uma tarefa complicada para a equipa de Hansi Flick.

O treinador alemão nem sequer estava no banco, pois tinha sido expulso no jogo anterior.

Dois pontos separavam as duas equipas

Apesar dos evidentes problemas com lesões, o Barcelona chegou ao jogo apenas dois pontos atrás da equipa de Xabi Alonso, líder da tabela, e com a possibilidade de assumir o topo caso conseguisse manter o registo dos duelos diretos de 2024/25, em que venceu todos os confrontos entre os dois gigantes espanhóis.

Kylian Mbappé era o melhor marcador da Liga, com dez golos, incluindo quatro que abriram o marcador em jogos desta temporada.

O Barcelona estava sem o seu principal avançado, Robert Lewandowski, mas na sua ausência Marcus Rashford assumiu o protagonismo no novo clube.

Com o teto do Santiago Bernabéu fechado, apesar do jogo ser a meio da tarde, o ambiente era impressionante e, como seria de esperar, a ação começou a um ritmo frenético, com ambas as equipas a demorarem algum tempo a estabilizar.

As palavras de Lamine Yamal antes do jogo já prometiam agitar os adeptos do Real Madrid e uma verdadeira tempestade de assobios e apupos acompanhou cada toque seu nos primeiros minutos.

Notas finais dos jogadores
Notas finais dos jogadoresFlashscore

Primeiros pedidos de penálti ignorados antes do golaço de Mbappé

O jovem parecia ter cometido uma grande penalidade logo aos dois minutos, quando Vinícius Júnior foi derrubado, mas só a intervenção do VAR salvou o Barcelona do embaraço.

Com 78,6% de posse de bola nos primeiros 10 minutos, os visitantes controlavam o jogo, mas mostravam-se vulneráveis aos contra-ataques rapidíssimos do Real.

De repente, após uma perda de bola do Barça à entrada da área, Mbappé parecia ter marcado um golo magnífico, mas após uma breve espera, o árbitro anulou o lance por fora de jogo. Mais um aviso claro para os catalães.

Sequência do golo de Kylian Mbappé frente ao Barcelona
Sequência do golo de Kylian Mbappé frente ao BarcelonaOpta by Stats Perform

À medida que o jogo se tornava mais aberto, notava-se uma diferença clara no envolvimento dos jogadores de cada equipa. O Barça somava 142 passes contra apenas 45 do Real Madrid, mas eram os Merengues que pareciam mais perto de inaugurar o marcador.

Foi o que aconteceu após uma jogada brilhante de Jude Bellingham, que assistiu Mbappé e desta vez o golo foi válido.

Fermín silenciou o Bernabéu

O golo pareceu dar ainda mais ânimo aos anfitriões, que passaram a dominar a posse de bola, com Federico Valverde a dar o exemplo e a envolver-se em seis duelos individuais para travar as investidas do Barça.

Dean Huijsen esteve perto de marcar o segundo aos 30 minutos, tal como Vinícius pouco depois, mas Wojciech Szczesny realizou duas defesas de grande nível na sequência.

O momento era claramente favorável ao Real Madrid, mas Ferran Torres obrigou Thibaut Courtois a uma boa defesa no primeiro remate enquadrado do Barcelona.

À medida que o intervalo se aproximava, a falta de influência de Lamine Yamal era notória, tendo recuperado a posse de bola apenas três vezes, o que resumiu a sua contribuição.

Felizmente para ele e para os colegas, um erro de Arda Güler quando o Real Madrid estava por cima, permitiu que a bola chegasse a Rashford, que somou mais uma assistência – a quinta na Liga – ao servir Fermín López para rematar forte e empatar a partida.

Bellingham completamente sozinho

Apenas cinco minutos depois, Bellingham apareceu sem marcação na pequena área e devolveu a vantagem ao Real Madrid com um toque simples – foi o sétimo golo do Real nos 15 minutos finais da primeira parte, ninguém tem mais.

O quinto golo que o Barça concedeu nesse mesmo período também era um máximo na LaLiga, e poderia ter sido ainda pior se outro fora de jogo não tivesse anulado mais um golo a Mbappé.

Uma linha de cinco defesas do Real Madrid nos descontos da primeira parte mostrava que os anfitriões não estavam totalmente confortáveis, apesar de ameaçarem em cada ataque, e com vários jogadores do Barcelona a registarem percentagens de passe acima dos 90%, as preocupações do Real Madrid eram justificadas.

Início rápido de ambas as equipas

Logo nos primeiros dois minutos da segunda parte, ambas as equipas já tinham rematado à baliza, com Rashford a servir novamente Fermín e Vinícius a tentar a sorte sozinho, obrigando Szczesny a mais uma defesa.

O guarda-redes polaco destacou-se ainda mais ao defender de forma incrível um penálti de Mbappé, depois do VAR ter considerado que Eric Garcia tocou a bola com a mão na área.

O Barcelona voltou a dominar a posse, mas três remates e mais uma tentativa anulada por fora de jogo do Real Madrid deixavam claro que, se alguém voltasse a marcar, seria a equipa da casa.

A influência de Frenkie de Jong no centro manteve vários jogadores do Real Madrid ocupados, com o neerlandês a somar 72 passes a 20 minutos do fim – quase 50 a mais do que qualquer jogador do Real. Sem esquecer a taxa de acerto de 95,8% – a melhor em campo.

Real Madrid instruído a recuar

Nos minutos finais, Xabi Alonso foi visto a pedir aos seus jogadores para não subirem no terreno, preferindo que recuassem e defendessem a curta vantagem.

Com apenas 13 dos 21 desarmes ganhos coletivamente, foi uma estratégia curiosa do espanhol nos últimos 15 minutos, que acabou por convidar o Barça a atacar.

O ímpeto ofensivo durante o El Clásico
O ímpeto ofensivo durante o El ClásicoOpta by Stats Perform

Isso não justificava que o suplente e capitão Ronald Araújo tentasse um remate de 40 metros logo na sua primeira intervenção. Foi um desperdício de posse, tendo colegas bem posicionados, e mereceu críticas dos companheiros.

A oportunidade de Jules Koundé aos 89 minutos deveria ter dado novo empate ao Barcelona, mas o defesa, ao fugir ao fora de jogo, optou por dominar a bola com o peito e perdeu o controlo, sem nenhum jogador do Real Madrid por perto, em vez de cabecear para golo.

Estatísticas finais e destaques individuais
Estatísticas finais e destaques individuaisOpta by Stats Perform

Pedri expulso, o último golpe para o Barcelona

Apesar de uma exibição pessoal de grande nível – 101 toques, 23 duelos individuais e sete desarmes (os dois últimos registos máximos do Barça no jogo) – a entrada dura de Pedri aos 90+9 minutos valeu-lhe o cartão vermelho, ficando assim fora do próximo jogo do Barça.

Foi o golpe final para os catalães, que saem frustrados por não terem conseguido pelo menos um empate.

Com Lamine Yamal a perder a posse em 21 ocasiões distintas – mais do que qualquer outro jogador em campo – e Szczesny a somar nove defesas impressionantes, é difícil argumentar que o Barça merecia um ponto, mesmo tendo dominado a posse (68,5% contra 31,5%) e feito muitos mais passes certos do que o adversário (573 contra 222).

Quando foi preciso, os jogadores do Real Madrid cumpriram e a vitória coloca-os cinco pontos à frente do eterno rival.

Jason Pettigrove
Jason PettigroveFlashscore