Com Mathys de Carvalho (20 anos), Khalis Merah (18 anos) e Enzo Molebe (18 anos) a titulares, o Olympique Lyon perdeu frente ao Betis, mas formação esteve muito bem representada, com o lateral-direito Téo Barisic (21 anos), Tiago Gonçalves (18 anos) e o guarda-redes Yvann Konan ( 18 anos) a ficarem no banco.
Paulo Fonseca fez questão de rodar a sua equipa antes de enfrentar o PSG,este domingo, mesmo que isso significasse privar-se de vários jogadores importantes que ficaram fora dos eleitos, como Corentin Tolisso, ou foram deixados no banco, como Nicolas Tagliafico. No entanto, essa vontade de se apoiar em jovens jogadores não é nova e está a florescer na Ligue 1.
O melhor lugar para se expressar
Esta propensão para utilizar recursos pós-treino tem sido uma constante para o treinador português desde a sua estreia no Paços de Ferreira, em 2014. Nessa altura, colocou em campo um certo Diogo Jota no ataque, com apenas 17 anos. Ao longo da sua carreira, o treinador português lançou uma série de grandes promessas, mesmo que nem sempre tenha sido capaz de os polir posteriormente: Mikhaylo Mudryk, Tetê e Manor Solomon, no Shakhtar Donetsk; Riccardo Calafiori e Roger Ibañez na Roma.
Mas foi sobretudo em Lille, outro dos centros de formação de renome em França, que Paulo Foneca conseguiu promover uma nova geração, muitos dos quais foram para o exílio. O camaronês Carlos Baleba chegou do Les Brasseries em janeiro de 2022 e levou apenas 18 meses para ser contratado pelo Brighton por 27 milhões de euros, em 2023.
Lançado ao estrelato com apenas 16 anos (foi titular uma vez sob o comando de Jocelyn Gourvennec), Lény Yoro também levou apenas uma temporada e meia para se tornar a terceira maior transferência da história do Lille (62 milhões de euros, para o Manchester United). Lucas Chevalier aperfeiçoou as suas habilidades com Paulo Fonseca antes mesmo de completar 19 anos, numa posição em que não é fácil iniciar um jovem, especialmente num clube com aspirações às competições europeias. Por fim, Paulo Foneca lançou Ayyoub Bouaddi na Ligue 1 em 2023, com apenas 16 anos e 20 dias de idade: o jovem médio está a subir na hierarquia dos Dogues e fez 69 jogos em todas as competições com apenas 18 anos.
Embora tenha podido dar tempo de jogo a jovens promissores como Francesco Camarda e Álex Jiménez quando estava no banco do AC Milan, foi mais uma vez em França que Paulo Fonseca conseguiu desenvolver jogadores com menos de 21 anos.
No Lyon, embora os jovens estivessem mais dispersos do que há alguns anos, o trabalho realizado continuou a ser de excelente qualidade, permitindo a Paulo Fonseca compensar as dificuldades financeiras do clube com a promoção de jogadores formados na casa, incluindo Malick Fofana (19 anos), que se lesionou contra o Estrasburgo e foi substituído por outra pepita, Afonso Moreira (20 anos), ex-Sporting que marcou um golo no último minuto contra os alsacianos. O exemplo de Rayan Cherki, que saiu para o Manchester City por 42,5 milhões de euros, incluindo bónus, no verão passado, oferece perspetivas tanto para os jogadores como para o clube, que procura dinheiro, mas também exposição europeia em termos da sua capacidade de oferecer oportunidades ao mais alto nível.
Embora a sua passagem pelo Lyon não tenha sido fácil, e ainda tenha de assistir aos jogos da Ligue 1 sozinho nas bancadas durante mais algumas semanas, Paulo Fonseca está a construir uma reputação de treinador que sabe construir o futuro, desde que o sistema de formação seja uma porta de entrada para o profissionalismo, o que está longe de ser o caso em todos os clubes.
