Análise: Roma e AC Milan, um duelo que se pode decidir no coração da área

Artem Dovbyk festeja pela Roma
Artem Dovbyk festeja pela RomaGIUSEPPE MAFFIA / NURPHOTO / NURPHOTO VIA AFP

A Roma marca 90% dos seus golos dentro da área e sofre muito pouco, enquanto o AC Milan sofre 71% dos seus golos ali mesmo. Eis os números que falam de um desafio de contrastes e de identidades tácticas diferentes.

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O San Siro prepara-se para receber o grande jogo da décima jornada da Serie A. A Roma chega ao Meazza como líder, em igualdade pontual com o Nápoles e com três pontos de vantagem sobre o Inter, graças a uma regularidade que se tornou uma imagem de marca: sete vitórias em nove jogos, a melhor defesa da Europa e um pragmatismo que, por esta altura, já é uma escola.

O AC Milan, por outro lado, depois de ter chegado ao topo, abrandou com dois empates consecutivos: o primeiro, preocupante, em casa contra o lanterna Pisa, o segundo, mais previsível, no campo da Atalanta. Ainda assim, a equipa de Allegri continua a estar na corrida. O facto de estar a apenas três pontos do topo, com uma grande margem de progressão, é mais um sinal de solidez do que de crise.

A Roma, por seu lado, encontrou um equilíbrio defensivo extraordinário, mas está a pagar alguma coisa na fase ofensiva: dez golos em nove jogos são poucos para um primeiro da classe, mas são suficientes quando se sofre apenas quatro.

Duas formas diferentes de construir e de sofrer golos

A Roma marca 90% dos seus golos de dentro da área (nove em dez), confirmando a sua vocação para o futebol curto, feito de inserções e densidade nos últimos metros. Este número torna-se ainda mais interessante se tivermos em conta que o AC Milan sofre 71,4% dos seus golos de dentro da área, um pormenor que pode pesar num desafio como o de San Siro.

No que diz respeito aos rossoneri, quase 30% dos seus golos (quatro em 14) são marcados de fora da área, sinal de uma equipa que procura frequentemente soluções à distância, também para compensar as dificuldades em encontrar espaços centrais contra defesas compactas.

Os últimos confrontos diretos
Os últimos confrontos diretosFlashscore

Há também um aspeto temporal que não deve ser subestimado: o AC Milan sofreu 71,4% dos golos na segunda parte, e mesmo 42,9% entre os 46 e os 60 minutos. Uma quebra de concentração imediatamente após o intervalo que se repetiu várias vezes e que, contra uma equipa como a Roma, cínica em capitalizar todas as oportunidades, pode pesar.

Neste aspeto, os Giallorossi marcaram 70% dos seus golos em manobras, enquanto os Rossoneri pararam nos 64,3%. Em contrapartida, a Roma é mais vulnerável na ação (75% dos golos sofridos), enquanto o Milan mostra melhor resiliência estrutural, com apenas 42,9% dos golos sofridos dessa forma.

À espera de Dovbyk

O impacto de Artem Dovbyk, que finalmente marcou contra o Parma no jogo a meio da semana, sobre os Giallorossi é uma questão delicada. Tendo em conta as duas últimas campanhas, a Roma venceu apenas 52,5% dos 40 jogos disputados com ele no campeonato, uma percentagem que sobe para 85,7% nos sete disputados sem ele.

Com o avançado ucraniano em campo, a equipa tem uma média de 1,8 pontos e marca 1,3 golos por jogo, sofrendo 0,9. Quando Dovbyk está ausente, as médias melhoram consideravelmente: 2,6 pontos, 2,1 golos marcados e apenas 0,4 sofridos.

Os números de Dovbyk
Os números de DovbykOpta

São números que dão que pensar: a presença de Dovbyk dá profundidade e físico, mas retira algo à fluidez do jogo ofensivo e à fase de pressão imediata.

Sem ele, a Roma tende a ser mais curta e agressiva, com referências menos estáticas e uma maior participação dos médios na área adversária. É um paradoxo estatístico que Gasperini terá de saber gerir, começando precisamente contra uma equipa do Milan que sofre precisamente com as inserções centrais.

Leão, talento e contradições

No que respeita ao AC Milan, a medalha de Rafael Leão é também uma medalha de dois lados. Limitando-nos a este campeonato, com o português em campo, os rossoneri venceram 40% dos seus jogos (cinco disputados), com uma média de 1,4 golos marcados e 1 sofrido por partida. Sem ele, no entanto, a percentagem de vitórias sobe para 75%, com 1,8 golos marcados, 0,5 sofridos e uma média de pontos de 2,3 (com ele , 1,8).

A presença de Leao
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Leão continua a ser o jogador mais talentoso do Milan, mas também o que mais afecta o sistema ofensivo. Quando ele está em campo, a manobra tende a gravitar à sua volta, abrandando em algumas fases e dependendo demasiado da inspiração individual.

Sem ele, a equipa é mais colectiva, mais vertical e, surpreendentemente, mais equilibrada. É o dilema de Allegri: integrar a imprevisibilidade da sua estrela sem sacrificar a eficácia global da sua equipa.

Conclusões

Roma e AC Milan chegam a San Siro com ambições importantes e identidades diferentes. Por um lado, a precisão tática e a disciplina defensiva dos Giallorossi; por outro, a energia e a procura de equilíbrio dos Rossoneri.

Os números contam dois caminhos opostos, mas complementares: a Roma vence porque sofre poucos golos, o ac Milan convence quando consegue não depender de individualidades.

Numa partida em que um episódio pode decidir tudo, os números dizem que quem mantiver a concentração no segundo tempo - e, em particular, dentro da área - levará a melhor sobre o adversário.

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