Recorde as incidências do encontro
Tal como a antecipação para abrir as prendas no Natal, havia, nas Caldas da Rainha, uma ansiedade boa antes da receção ao SC Braga, já consolidado como um dos clubes maiores do futebol português. O Campo da Mata, provavelmente o mais belo estádio ainda presente na Taça de Portugal, preparava-se para um dia de festa quando, já a horas impróprias, surgiu um comunicado inesperado que mudou o local das celebrações para Torres Vedras. O dia, que era suposto ser de festa, passou a servir para fazer comunicados e até ameaçar a presença no jogo. "Um dia triste para os adeptos do Caldas", nas palavras do presidente do clube. Mas é assim o futebol português.

O Caldas veio a jogo, até porque os custos de faltar a uns oitavos de final da Taça de Portugal serão demasiado pesados para um clube que vence prémios de "Puro Futebol" na Liga 3, mas não foi respeitado na hora de analisar o relvado para a receção ao SC Braga. Afinal, quantos jogos do futebol português, da Liga Portugal (!) são disputados em condições iguais ou inferiores? A partir de agora, exige-se critério semelhante, pelo menos nas partidas organizadas pela FPF. Antes do foco total na partida, o Caldas protestou e o SC Braga, que não terá culpa de toda esta história, respeitou o adversário, que antes tinha aceitado o pedido de adiamento para que a partida fosse realizada a 23 de dezembro.
Um minuto de silêncio pelo futebol português.
A verdade é que, apesar de todas estas condicionantes inesperadas, houve festa no Estádio Manuel Marques, em Torres Vedras. A banda sonora foi das mais interessantes do futebol português e só a qualidade do jogo, pasme-se, afetado pelas condições do relvado escolhido pela FPF, não esteve à altura da partida.

O SC Braga chegou ao intervalo sem qualquer remate na direção da baliza de Duarte Almeida e ainda recolheu aos balneários a lamentar a lesão de Lagerbielke, substituído por Victor Gómez perto do final da primeira parte. Na linha lateral, Vicens dava indicações à equipa, mas não fosse um grande corte de Arrey-Mby e Gonçalo Barreiras (40') podia mesmo ter batido Tiago Sá para o 1-0. Os 4209 adeptos que se deslocaram a Torres Vedras mereciam pelo menos essa consolação.

No final da primeira parte, a verdade é que o resultado não importava, ainda, assim tanto. A festa continuou a ser feita nas bancadas e até deu para recordar já velhos hits como a música Thrift Shop, de Macklemore, mas o SC Braga entrou para a segunda parte apostado em decidir a eliminatória e preferiu sons latinos para abrir a contagem.
Fran Navarro (50') materializou o primeiro remate à baliza do Caldas com o 0-1, num cabeceamento após canto batido na esquerda, com Moscardo a fazer um desvio decisivo antes que a bola chegasse ao espanhol.
Os adeptos e a banda não pararam de apoiar o Caldas, mas depois do primeiro veio logo o segundo, desta vez da cabeça de Paulo Oliveira (53'), e por muito que a cabeça da equipa da Liga 3 ainda estivesse na partida, era difícil sonhar em prolongar a festa para uma próxima eliminatória depois do 0-2 bracarense.
Dorgeles (59') fechou o marcador cedo, a passe de Ricardo Horta, e Fran Navarro desperdiçou de forma flagrante um 0-4 que seria demasiado pesado para o Caldas e para os seus adeptos.
A festa da Taça ficou manchada, mas isso pouco importa daqui para a frente. O episódio faz parte do passado e o SC Braga segue para os quartos de final , onde vai defrontar Lusitano de Évora ou Fafe, com justiça.
Homem do jogo Flashscore: Ricardo Horta (SC Braga)
