“A câmara propôs à Parpública ficar com a gestão daquele ativo estratégico por um período de até 75 anos, mediante o pagamento de uma renda” fixada “no valor de 12,5 milhões de euros”, afirmou Nuno Piteira Lopes (PSD).
Em declarações à Lusa, o presidente da autarquia do distrito de Lisboa acrescentou que, com a passagem do direito de superfície do circuito, “a câmara fica com a capacidade de”, juntamente com privados, “poder desenhar um projeto” para “fazer investimento naquele ativo estratégico”.
“Mais do que um grupo, ao longo dos últimos 12 meses, demonstrou abertura, vontade e capacidade para em conjunto com a câmara municipal, e tendo a câmara municipal como parceiro, fazer esses investimentos”, assegurou Piteira Lopes, confirmando que o investimento poderá rondar 150 milhões de euros, como revelou na segunda-feira ao Jornal de Negócios.
O autarca salientou que “o investimento está circunscrito aos limites do circuito do Estoril e não prevê construção de habitação”, mas apenas “mais equipamentos”.
A poucos dias das últimas eleições autárquicas, a Câmara de Cascais anunciou, em comunicado, que numa reunião com o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Pedro Machado, foi abordada a pretensão de adquirir o equipamento.
“Em 2026 faz 30 anos que se realizou o último Grande Prémio no Estoril. Nessa altura iremos reiniciar uma nova etapa deste mítico circuito mundial, ficando a autarquia com a gestão deste equipamento”, indicou o então vice-presidente e candidato à câmara, Nuno Piteira Lopes, citado na nota.
Para o recém-eleito presidente da autarquia, o autódromo inaugurado em 1972 tem de “cumprir a vocação para a qual foi construído, ou seja, corridas de carros e de motas” e “pode juntar outras valências que agreguem valor na área do motor, como é o caso de um museu/garagem para clássicos, cursos de formação profissional de restauro de clássicos, um kartódromo”.
“E também um grande hub de diversão noturna que poderá ser feito através da exploração e utilização da bancada A e B, à semelhança do que já acontece” com a discoteca 2001, e poder “ter mais três, quatro, cinco espaços de diversão noturna naquele local”, acrescentou.
O autarca disse estar “muito convicto” que será possível o regresso da Fórmula 1 ao Estoril, “caso a Parpública decida em breve se de uma vez por todas está ou não está disponível para concessionar o ativo e o respetivo direito de superfície ao município”.
A Câmara de Cascais já em 2015, então presidida por Carlos Carreiras (PSD), tentou comprar o autódromo, por cerca de cinco milhões de euros, mas o negócio com a Parpública foi chumbado pelo Tribunal de Contas.
Entretanto, em setembro de 2023, o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste decretou que todas as provas no autódromo deverão respeitar os limites legais de ruído, com exceção das “competições desportivas oficiais organizadas pelas federações desportivas, nacionais e internacionais”.
Segundo Piteira Lopes, a obrigação de medidas de minimização acústica “já devia ter sido cumprida”, mas quer a Parpública, quer a Circuito do Estoril, empresa que detém o autódromo, “já demonstraram por mais de uma vez ao longo de todo este tempo que não têm qualquer interesse em investir naquele ativo estratégico para o município e para o país”.
Perante a ausência de requalificação, o social-democrata questionou “se a Parpública e o próprio Governo estão confortáveis com o facto de ter um ativo estratégico que é de todos” e “é público, no qual não existe investimento, e estar a canalizar exclusivamente todos os investimentos do Governo para um ativo que é privado, em Portimão, para o mesmo fim”.
O Governo anunciou na terça-feira que o Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, volta a receber o Grande Prémio de Fórmula 1 em 2027 e 2028.
Após o anúncio, Piteira Lopes assegurou que Cascais continua “a aguardar que a Parpública decida sobre o direito de superfície do Estoril”, para “lançar o quanto antes o concurso público internacional” para escolher o parceiro do município, e que “o ministro Castro Almeida também já confirmou que estavam disponíveis para falar com Cascais”.
